Dislexia é um distúrbio de aprendizagem caracterizado pela dificuldade de leitura e escrita. De acordo com a International Dyslexia Association (IDA), essas dificuldades normalmente resultam de um déficit no componente fonológico da linguagem e são inesperadas em relação à idade e outras habilidades cognitivas.
Lentidão na aprendizagem, dificuldade de concentração, palavras escritas de forma estranha, dificuldade de soletrar e troca de letras com sons ou grafias parecidas são alguns sinais de dislexia. Porém, não se trata de uma doença, mas de uma característica genética configurada entre a décima sexta (16ª) e a vigésima quarta (24ª) semana de gestação do feto.
Segundo a Associação Brasileira de Dislexia, a dislexia está presente entre 5% e 17% da população mundial, podendo afetar a área visual e auditiva. Apesar de ser o distúrbio de maior incidência nas salas de aula, um estudo apresentado na Associação Britânica de Dislexia afirma que cerca de 70% dos profissionais das áreas de saúde e educação têm pouco conhecimento sobre ele.
A maioria dos estudiosos concorda com a origem multifatorial da dislexia, ou seja, com a ideia que suas causas podem ser genéticos e ambientais.
Na prática, quem não tem dislexia utiliza três áreas do cérebro enquanto está lendo. A primeira faz a identificação das letras, a segunda parte faz com que entendamos o significado da palavra. Por fim, uma terceira área processa todas essas informações. Em uma pessoa com dislexia, as duas primeiras áreas são menos ativas. Em compensação, a parte frontal é obrigada a trabalhar mais e até o lado direito do cérebro é ativado.
As causas mais comuns de dislexia são de:
- Origem neurobiológica;
- Alterações cerebrais: mau funcionamento, atraso no amadurecimento do sistema nervoso central, ou falha na comunicação entre os neurônios, o que dificulta as funções de coordenação;
- Perturbações no parto ou início da vida.
Sintomas de Dislexia:
Os sintomas da dislexia são iguais para crianças e adultos. A diferença é que, na infância, o distúrbio é acentuado e pode ser identificado mais facilmente, uma vez que a criança irá apresentar dificuldades na fase de aprendizagem e alfabetização. Pesquisas científicas recentes concluíram que o sintoma mais conclusivo acerca do risco de dislexia em uma criança, pequena ou mais velha, é o atraso na aquisição da fala e sua deficiente percepção fonética. Por isso, pais e escola precisam estar atentos a este sintoma.
Sintomas da dislexia na primeira Infância:
- Dispersão;
- Falta de atenção;
- Atraso da fala e linguagem;
- Dificuldade em aprender rimas e canções;
- Atraso na coordenação motora;
- Falta de interesse por livros.
Sintomas na idade escolar:
- Dificuldade na aquisição e automatização da leitura e escrita;
- Desatenção;
- Dispersão;
- Dificuldade em copiar de livros e lousa;
- Desorganização geral (dificuldade em manusear mapas, dicionários);
- Dificuldade em ler em voz alta e compreender aquilo que foi lido;
- Baixa estima.
Diagnóstico de Dislexia:
O diagnóstico é sempre feito por uma equipe multidisciplinar, que envolve profissionais de:
- Neurologia;
- Neuropsicologia;
- Fonoaudiologia;
- Psicopedagogia;
- Neuropsicopedagogia.
Quanto mais precoce for o diagnóstico, mais eficiente será o tratamento e o portador aprenderá a lidar com suas dificuldades.
Feito o diagnóstico, é importante que o professor se junte ao profissional que tratará a criança e, dessa forma, combine uma maneira de aprendizado diferente. Não é só o psicólogo quem faz o diagnóstico, e sim o conjunto: professor, pais, fonoaudiólogo, psicopedagogo, etc.
Tratamento de Dislexia:
O tratamento é multidisciplinar e visa a superação das dificuldades apresentadas, desenvolvendo as habilidades básicas necessárias para um aprendizado efetivo através de um programa de reabilitação, bem como orientação da família e escola.
É necessário ajustar os métodos de ensino de forma a corresponder às necessidades da pessoa. Embora isto não constitua uma cura para o problema, pode diminuir o grau dos sintomas.
Também vale ressaltar que existem dois métodos de alfabetização utilizados no tratamento da dislexia: o multissensorial e o fônico.
Método multissensorial: é mais indicado para crianças mais velhas, que já possuem histórico de fracasso escolar
Método fônico: é indicado para crianças mais jovens e preferencialmente deve ser introduzido logo no início da alfabetização.
Os tipos mais comuns de dislexia são:
- Dislexia visual: dificuldades em diferenciar os lados direito e esquerdo, erros na leitura devido à má visualização das palavras;
- Dislexia auditiva: ocorre devido a carência de percepção dos sons, o que também acarreta dificuldades com a fala;
- Dislexia mista: é a união de dois ou mais tipos de dislexia. Com isso, o portador poderá ter, por exemplo, dificuldades visuais e auditivas ao mesmo tempo.
Convivendo/ Prognóstico:
O apoio da família é indispensável para o desenvolvimento e sucesso do tratamento. Os familiares devem incentivar cada sucesso obtido, tendo sempre muita paciência, lendo e se informando sobre o assunto.
Nas atividades que podem ser desenvolvidas, é preciso levar em conta a diferença entre ler para os filhos e ler com os filhos. É importante visitar livrarias ou bibliotecas com os filhos e escolher um livro adequado para que leiam juntos, trocando impressões sobre a leitura.
Os pais devem se sentar ao lado do filho para acompanhar a leitura com ouvidos, olhos e coração. Feita a leitura, os pais podem propor jogos de perguntas e respostas sobre cada parágrafo do texto, pedir para que o filho conte o que leu e o que ouviu, buscar na memória assuntos relacionados com o tema da leitura atual, descobrir palavras no texto, entre outras coisas que tornem a leitura uma atividade familiar, uma leitura compartilhada.
Além da leitura, existem jogos de tabuleiro que envolvem conhecimentos gerais e podem auxiliar na assimilação, como palavras cruzadas. Eles tornam a leitura e a escrita uma coisa prazerosa, e não um simples "dever de casa".
Por se tratar de um transtorno de linguagem, a dislexia só se manifesta no final da alfabetização e nos primeiros anos escolares. A criança começa a apresentar dificuldades inesperadas de aprendizagem de leitura, apesar de ter outras habilidades.
Por isso, quando alguns dos sinais são percebidos durante o desenvolvimento da criança, deve-se acionar um profissional para realizar o diagnóstico e começar o tratamento o mais rápido possível, a fim de evitar traumas e baixo autoestima.
Existem outros DISTÚRBIOS DA APRENDIZAGEM. Os mais comuns são:
DISGRAFIA
Normalmente vem associada à dislexia, porque se o aluno faz trocas e inversões de letras, consequentemente encontra dificuldade na escrita. Além disso, está associada a letras mal traçadas e ilegíveis, letras muito próximas e desorganização espacial e de raciocínio ao produzir um texto. Pode estar relacionado a problemas na coordenação motora fina, que pode ser resolvido com atividades próprias para esta finalidade.
DISORTOGRAFIA
É a dificuldade na linguagem escrita e também pode aparecer como consequência da dislexia. Suas principais características são: troca de grafemas, desmotivação para escrever, aglutinação ou separação indevida das palavras, falta de percepção e compreensão dos sinais de pontuação e acentuação.
DISCALCULIA
É a dificuldade para cálculos e números, de um modo geral os portadores não identificam os sinais das quatro operações e não sabem usá-los, não entendem enunciados de problemas, não conseguem quantificar ou fazer comparações, não entendem sequências lógicas. Esse problema é um dos mais sérios, porém ainda pouco conhecido.
DISLALIA
É a dificuldade na emissão da fala, apresenta pronúncia inadequada das palavras, com trocas de fonemas e sons errados, tornando-as confusas. Manifesta-se mais em pessoas com problemas no palato, flacidez na língua ou lábio leporino.
DISFASIA
É um distúrbio primário e duradouro do desenvolvimento e da aprendizagem. Ela faz parte dos distúrbios específicos de aprendizagem da linguagem oral, junto da dislexia, dispraxia e discalculia. A disfasia manifesta-se por dificuldades em expressar-se e em armazenar informações. Não é causada por um déficit intelectual ou sensorial.
DISPRAXIA
É uma condição na qual o cérebro tem dificuldade para planejar e coordenar os movimentos do corpo, levando a criança a não conseguir manter o equilíbrio, a postura e, algumas vezes, até ter dificuldade para falar. Dessa forma, estas crianças muitas vezes são consideradas de “crianças desajeitadas”, uma vez que costumam quebrar objetos, tropeçar e cair sem motivo aparente.
Recomendo o filme: "Como Estrelas na Terra". Assista no link (completo e legendado).
Prof. Dra. Regiane Souza Neves - Atua há 26 anos na área da educação onde foi professora, coordenadora pedagógica e diretora, sendo que nesta última função permaneceu por 15 anos como diretora na educação básica e está há 7 anos como diretora do CEADEH Centro de Estudos Avançados em Desenvolvimento Educacional e Humano (escola de formação continuada para educadores). Também atua há 11 anos em clínica como neuropsicopedagoga, neuropsicologa, psicopedagoga, psicomotricista e psicanalista, onde realiza diagnósticos para transtornos do neurodesenvolvimento como TEA, TDAH, TOD, Dislexia entre outros. Há 20 anos atua em estudos e desenvolvimento de políticas públicas.
Informações de: Site Minha Vida