Conforme estudos científicos escalas de QI mostram uma visão limitada da inteligência. Testes tradicionais focam em inteligência lógico-matemática e verbal, ignorando inteligências emocionais, criativas e sociais (Teoria das Múltiplas Inteligências de Gardner). Testes antigos podiam ser enviesados por fatores culturais, sociais e de escolaridade, não refletindo o potencial real. Um QI alto não se traduz necessariamente em bom desempenho profissional; habilidades específicas e traços de personalidade são mais relevantes.
Estudos apontam que pessoas com AH/SD podem, inclusive, apresentar um QI na média ou até abaixo da média, por desenvolverem aptidões em suas áreas de interesse e essas não fazerem parte do que é avaliado em testes de QI. Por este motivo, não devem ser aplicados tais testes, por serem obsoletos, e não avaliarem profundamente pessoas neurodivergentes.
Para uma melhor avaliação e análise é necessário trabalhar com protocolos que verificam as Inteligências Múltiplas pelo fato de pacientes dentro do quadro de transtornos do neurodesenvolvimento apresentarem dificuldades de pensamento lógico e/ou abstrato.
“Todas as inteligências são inatas e igualmente importantes, e todos possuem potencialidades em cada uma delas, independentemente da educação ou da cultura a que pertencem. No entanto, o desenvolvimento de cada inteligência é influenciado por fatores hereditários e neurobiológicos ou por fatores ambientais. Sendo assim, os indivíduos possuem diferentes tipos de capacidades intelectuais; por consequência, aprendem, memorizam e apresentam desempenhos diferenciados e compreendem de modos diferentes, ou seja, alguns indivíduos serão mais habilidosos em matemática, enquanto outros serão mais habilidosos em linguagem, por exemplo. Assim, a inteligência musical envolve a sensibilidade, o reconhecimento e a habilidade para interpretar, compor, reconhecer ou simplesmente apreciar padrões e elementos rítmicos e melódicos; a inteligência corporal-cinestésica corresponde à utilização do corpo e do movimento para expressar pensamentos e sentimentos, representar objetos, ações ou até conceitos abstratos, e utilizar imagens mentais para coordenar movimentos corporais; a inteligência visuo-espacial equivale à consciência do mundo visual e engloba a sensibilidade à cor, ao desenho e à forma, e à capacidade para manipular e criar imagens mentais, ao relacionar padrões e observar semelhanças nas formas espaciais; a inteligência lógico-matemática diz respeito ao raciocínio lógico-dedutivo, ou seja, à correta utilização dos números e dos elementos matemáticos, à habilidade para deduzir conclusões lógicas e identificar relações de causa e efeito; a inteligência linguístico-verbal abrange a escrita, a leitura e a fala, através da mestria da linguagem e da correta utilização desta e das palavras, nos seus diferentes domínios, semântica, sintaxe e som; a inteligência interpessoal refere-se à capacidade para compreender e distinguir nos outros as suas intenções, interesses, necessidades, motivações e desejos, facilitando os relacionamentos interpessoais; a inteligência intrapessoal equivale ao autoconhecimento, à capacidade de compreender os sentimentos, emoções, medos, motivações, interesses, necessidades, ideais, pontos fortes e fracos em si próprio, permitindo-lhe dirigir eficazmente os seus esforços e comportamentos; a inteligência naturalística inclui o conhecimento e preocupação pela natureza, a sensibilidade aos acontecimentos que ocorrem na mesma e a capacidade de reconhecer, distinguir e classificar seres vivos e não-vivos; e, por fim, a inteligência existencial procura o sentido da vida e reflete sobre o significado da vida e o sentido da morte.” Gardner, H. (1983). Frames of mind: The theory of Multiple Intelligences. Basic Books. Gardner, H. (2006). Multiple intelligences: New horizons. Basic Books.
Testes padronizados de quociente de inteligência (QI) geram resultados enganosos. É o que mostra um estudo feito a partir da maior pesquisa sobre o tema, que envolveu milhares de pessoas de várias culturas, idades, credos e nacionalidades. Segundo um dos autores da pesquisa, Adam Hampshire, da Universidade Western Ontario, há diferentes tipos de inteligência, relacionadas a diferentes áreas do cérebro, e por isso não é possível medir a capacidade intelectual sem exames mais detalhados.
A pesquisa, publicada na revista Neuron, contou com a participação de mais de 100.000 pessoas. Elas responderam a uma pesquisa de hábitos e histórico de vida e a 12 testes cognitivos relacionados a memória, raciocínio, atenção e capacidade de planejamento.
CONHEÇA A PESQUISA:
Título original: Fractionating Human Intelligence
Onde foi divulgada: revista Neuron